Uma flor de gelo desliza
como acontece em sonhos,
flutua entre prédios soturnos
desce ravinas artificiais
sobe um instante na maré imaginária,
soprada nas sombras da sombra.
E a certo passo desiste.
Ainda no embalo tépido do vento,
antes de se deitar na terra,
dissolve-se no ar nocturno
Rasteja o rumor da cidade
Pela casa adormecida.
Sinto pequenos dentes
A escavarem a noite
minando as suas muralhas
de pedra envelhecida.
Movo em vão o meu corpo
Na bruma doente, humedecida.
Viro-me de novo, lentamente
dentro de voláteis pensamentos
que querem deslizar no tempo
da madrugada vencida.
Já ouço os curtos passos
Na hora amanhecida.
São os outros infelizes
Que tal como eu faço
Esperam o sono docilmente
Como se esperassem a própria vida
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