Parece fácil falar de amor
E há outros temas bem mais urgentes
planeta a sufocar, crises emergentes
o mar a subir, o excesso de calor
Pensar nas paixões, quis eu supor
daria versos pouco exigentes
ideias banais, algo incoerentes
poesia sem chama e sem ardor.
Soube então o que falhara em entender:
a água passada é como um rio imenso
que se impõe ao presente, temível, denso
Um desgosto corre sempre assim, penso
e recordá-lo de menos é esquecer:
ter amado não é ter vivido, é ainda viver
Uma flor de gelo desliza
como acontece em sonhos,
flutua entre prédios soturnos
desce ravinas artificiais
sobe um instante na maré imaginária,
soprada nas sombras da sombra.
E a certo passo desiste.
Ainda no embalo tépido do vento,
antes de se deitar na terra,
dissolve-se no ar nocturno
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