Aos domingos perpassam, entre as paredes,
os avisos murmurados de avós mortas.
Querem-nos bem, não o duvido jamais...
Mas acordam-nos a fome no coração,
a memória de risos aninhados em mantas
e sopas de pão.
Aos domingos éramos ainda mais bons.
Beijava-lhe a face seca na igreja húmida
e o Senhor acompanhava-nos à porta de casa,
caminhava sobre as águas daqueles olhos claros
nesse tempo em que a paz nos rodeava
de silêncios raros.
Aos domingos regressam o cheiro da laca
e do pó de arroz, feitos aviso retornam
sem culpa nem dor. Antes pedem que seja feliz.
Pergunto-me então sobre o desvio do caminho
e é assim que agradeço, entre pecados e omissões,
não deixar-me sózinho.
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