Eis-me acordado dentro de ti.
Num soneto de Rilke,
«entre os ínfimos rumores no capim
e o sabor da hortelã».
Ao longe, sobre a falésia e as mais altas ondas
volteiam as aves, luminosas como purpurinas.
Por que afloraram esses dedos os meus lábios,
na terna certeza que só partilham os amantes?
Assim regressámos, sem receio ou cuidado,
e nem tempo tive para guardar o corpo
em qualquer recanto onde pudesse menti-lo.
Agora regresso ao sono, a outras memórias acres,
preciosas, como trufas selvagens sob o chão.
Publicado em Janeiro de 2007 no blogue Prazeres Minúsculos e também neste livrinho aqui.
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